HISTÓRIA
A descoberta de Vicente Yáñez Pinzón
A história do Cabo de Santo Agostinho se iniciou antes da chegada dos portugueses ao Brasil. Uma esquadra espanhola composta por quatro caravelas zarpou de Palos de la Frontera no dia 19 de novembro de 1499. Após cruzar a linha do Equador, o navegador Vicente Yáñez Pinzón enfrentou uma forte tempestade, e então, no dia 26 de janeiro de 1500, avistou o cabo e ancorou suas naus num porto abrigado e de fácil acesso a pequenas embarcações, com 16 pés de fundo, segundo as indicações da sonda. O referido porto era a enseada de Suape, localizada na encosta sul do promontório, que a expedição denominou cabo de Santa María de la Consolación. A Espanha não reivindicou a descoberta, minuciosamente registrada por Pinzón e documentada por importantes cronistas da época como Pietro Martire d'Anghiera e Bartolomeu de las Casas, devido ao Tratado de Tordesilhas, assinado com Portugal.
O mapa de Juan de la Cosa, carta do século XV, mostra a costa sul-americana enfeitada com bandeiras castelhanas do cabo da Vela (na atual Colômbia) até o extremo oriental do continente. Ali figura um texto que diz "Este cavo se descubrio en año de mily IIII X C IX por Castilla syendo descubridor vicentians" ("Este cabo foi descoberto em 1499 por Castela sendo o descobridor Vicente Yáñez") e que muito provavelmente se refere à chegada de Pinzón em finais de janeiro de 1500 ao cabo de Santo Agostinho.
Por ter descoberto o Brasil, Vicente Yáñez Pinzón foi condecorado pelo rei Fernando II de Aragão em 05 de setembro de 1501.
A prefeitura e os governos já nomearam eventos e lugares do município em homenagem ao seu descobridor. Na entrada da cidade há um monumento homenageando o navegador, no intuito de dar as boas-vindas aos visitantes.
Cabo de Santo Agostinho por João Teixeira (1640) |
Antigo farol |
Ruínas da antiga casa do faroleiro |
Povoamento
O município era habitado originalmente pelos índios Caeté. Os primeiros habitantes brancos chegaram no século XVI, fundando o então chamado Arraial do Cabo. Uma das marcas desse povoamento são as construções antigas que ainda podem ser observadas, como: as Igrejas Matriz de Santo Antônio, de Santo Amaro, Nossa Senhora do Livramento e antiga Capela do Rosário dos Pretos (hoje Praça Théo Silva), e casario escasso representado por antigos prédios nas ruas da Matriz (Rua Vigário João Batista) e Dr. Antonio de Souza Leão. As fachadas dessas construções são protegidas por lei, mas muitas delas hoje encontram-se descaracterizadas.
Em 1560, João Paes Barreto já instituía o Morgado de Nossa Senhora da Madre de Deus do Cabo de Santo Agostinho, vinculando o Engenho Madre de Deus, que depois passou a ser chamado de Engenho Velho. A escritura foi redigida em 28 de outubro de 1580. Segundo afirma Sebastião de Vasconcelos Galvão, autor do Dicionário Iconográfico, Histórico e Estatístico de Pernambuco, o povoamento sede do Município data de 1618; antes dessa data constituía-se de algumas casas esparsas, com certa distância uma das outras. Transcorridos mais de duzentos anos de ter iniciado o povoamento de Santo Agostinho, a freguesia foi elevada à predicação de Paróquia é que foi criada a Vila do Cabo de Santo Agostinho, por força do alvará de 27 de julho de 1811 e Provisão Régia de 15 de fevereiro de 1812, enviada ao então governador da Província de Pernambuco, o General Caetano Pinto de Miranda Montenegro.
Sua instalação, no entanto, ocorreu em 18 de fevereiro de 1812, pelo ouvidor e corregedor-geral da Comarca de Recife, o Doutor Clemente Ferreira de França. Foi elevada à categoria de Cidade a então Vila do Cabo de Santo Agostinho em 09 de julho de 1877, pela lei provincial nº. 1.269, para a denominação de Cidade de Cabo, adicionando, mais tarde, o nome do bispo e teólogo Santo Agostinho.
O Cabo teve sua economia objetivada no desenvolvimento da monocultura da cana-de-açúcar, a partir de 1570, com a doação de sesmarias ao curso do Rio Pirapama. Tendo João Paes ocupado às terras a ele doada em 1571, ao sul do Rio Araçuagipe (Pirapama), funda o primeiro engenho banguê que denominou Madre de Deus (hoje, Engenho Velho), o mais antigo centro açucareiro da região. Mais tarde, com a criação de novos engenhos, o Cabo passa a representar o poderio econômico de Província de Pernambuco, época em que a cana-de-açúcar representava a força de crescimento do país.
Denominação
Em 1501, partiu de Portugal uma expedição de reconhecimento da costa brasileira, expedição esta confiada a Américo Vespúcio e comandada por Gonçalo Coelho. A frota atingiu o cabo em 28 de agosto, dia da morte de Agostinho de Hipona. O promontório foi então batizado como "Cabo de Santo Agostinho".
Essa região, ocupada por diversas aldeias indígenas, teve sua colonização iniciada em 1536, com o donatário Duarte Coelho Pereira. Em 1554 sua viúva dirigiu a capitania enquanto aguardava o regresso de seus filhos Duarte e Jorge de Albuquerque Coelho, que se encontravam em Portugal. Ao chegarem, em 1560, intensificaram as ações para expulsar os índios caetés. Em 1571, terminada a campanha contra os índios que viviam na região, o donatário Duarte de Albuquerque Coelho, desejando aumentar o povoamento de seus domínios, iniciou a distribuição de sesmarias nas férteis várzeas da região sul do estado, ao longo do rio Pirapama (Araçuagipe, naquela época). Essas terras foram concedidas aos fidalgos trazidos por seu pai e por ele próprio. Um desses nobres João Paes Barreto (5º avô do marquês do Recife), a quem coube a sesmaria ao sul do mencionado rio , onde ele fundou o Engenho Madre de Deus, depois chamado de Engenho Velho, o mais antigo do município. Posteriormente ele chegou a possuir oito engenhos, que legou aos seus filhos, ao atingirem os homens a maioridade e as mulheres, ao se casarem. Em 1580 João Paes Barreto instituiu o morgado de Nossa Senhora da Madre de Deus do Cabo de Santo Agostinho, vinculando o Engenho Madre de Deus e duas casas de sua propriedade, situadas na Vila de Olinda. Em 28 de outubro desse mesmo ano foi lavrada a escritura pública que oficializou o tradicional morgado, historicamente mais conhecido como Morgado do Cabo.
Invasões Holandesas
Durante a invasão holandesa (1630-1654) o Cabo foi atacado, iniciando-se a luta no porto, junto ao pontal de Nazaré, onde existia um pequeno forte, de onde a terra pernambucana foi defendida contra o invasor. No entanto, os holandeses conseguiram saquear os armazéns de açúcar e as naus carregadas que se encontravam no ancoradouro, apesar de os pernambucanos terem ateado fogo em alguns deles para não caírem em mãos do inimigo. Matias de Albuquerque e o conde Bagnuolo, tomando conhecimento do ataque, marcharam até a praia de Nazaré, organizando a resistência sobre o cabo que domina a barra. Na expulsão dos holandeses, movimento conhecido como Insurreição Pernambucana, os flamengos retiraram-se do Cabo quase sem lutas, entregando a fortaleza de Nazaré, comandada por Straetem, ao mestre-de-campo André Vidal de Negreiros.
Formação Administrativa
Dado o contexto histórico, pela provisão de 9 de setembro de 1622 é criada a Freguesia de Cabo de Santo Agostinho, que foi elevada à categoria de vila com a denominação de Vila do Cabo de Santo Agostinho através do alvará de 27 de julho de 1811 e provisão de 15 de fevereiro de 1812, desmembrando-se de Recife e instalando-se em 18 de junho de 1812. Pela lei provincial nº 152, de 30 de março de 1846, a vila foi extinta, sendo recriada com a denominação de Santo Agostinho do Cabo pela lei provincial nº 1296, de 09 de julho de 1877, e rebatizada de Cabo após algum tempo.
Pela lei municipal nº 3, de 07 de dezembro de 1892, é criado o distrito de Juçaral e pela lei municipal nº 94, de 18 de novembro de 1919, cria-se o distrito de Ponte dos Carvalhos. Em 22 de novembro de 1922, é criado o distrito de Nazaré, que passou a denominar-se Santo Agostinho pelo decreto-lei estadual nº 92, de 31 de março de 1938. Pela lei municipal nº 1690, de 19 de maio de 1994, o município de Cabo voltou a denominar-se Cabo de Santo Agostinho.
Atualmente o município destaca-se por possuir o segundo maior PIB industrial de Pernambuco, perdendo apenas para a capital estadual, tendo sua produção escoada principalmente pelas rodovias BR-101 e PE-60. Com 24,1 km de orla, e com uma ampla rede hoteleira, anualmente recebe milhares de turistas vindos de todas as partes do Brasil e do mundo.
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